17,8% das propriedades de cacau na Transamazônica são administradas por mulheres

O trabalho de pesquisa nas propriedades já possui dados como a produção de cacau nas propriedades dessas mulheres.

Foto: Reprodução/Semas PA

O Pará é atualmente o maior produtor de cacau do Brasil, com 53,3% da produção nacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para além do fruto, quem são as pessoas por trás de tanta produção? Qual o papel das mulheres nessa cadeia produtiva? Para compreender esses aspectos, a engenheira florestal Josinara Garcia deu início à pesquisa ‘Mulher cacauicultora: uma análise socioeconômica e produtiva em municípios da região do Xingu, Estado do Pará’.

A pesquisadora busca compreender o papel das mulheres que lideram propriedades produtoras de cacau na região dos municípios que integram a Transamazônica, no Estado. Com isso já foram mapeadas 236 propriedades que cultivam cacau nos municípios de Altamira, Brasil Novo e Uruará. Dessas, 41 propriedades são gerenciadas por mulheres, o que corresponde a 17,8%.

Foto: Josinara Garcia/Arquivo pessoal

A pesquisa é uma das 30 que estão sendo desenvolvidas na turma ofertada fora de sede pelo Programa de Pós-graduação em Agronomia (PgAGRO) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). Os estudos são realizados em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), campus Altamira, e financiados com recursos do Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu (PDRSX), do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).

O trabalho, orientado pelos professores Marcos Santos (Ufra) e Miquéias Calvi (Ufpa) já possui dados demográficos das mulheres cacauicultoras na região, idade, nível de escolaridade e estado civil, além de dados sobre a produção de cacau nas propriedades dessas mulheres, propriedades, incluindo área cultivada, técnicas de cultivo e produtividade, o que foi coletado durante o trabalho ‘Depois das Hidrelétricas: processos sociais e ambientais que ocorrem depois da construção de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio na Amazônia Brasileira’.

Josinara Garia diz que as mulheres que atuam na cacauicultura são referência, além de exemplos de força e liderança. O próximo passo é mapear o perfil empreendedor das mulheres envolvidas na cadeia do cacau. 

Segundo Josinara Garcia, são muitas as experiências e desafios enfrentados por mulheres na cacauicultura, especialmente em regiões como a Transamazônica. Ela explica que o protagonismo feminino na cacauicultura na região da Transamazônica é variável, mas em muitos casos as mulheres desempenham papéis importantes no gerenciamento das propriedades e na verticalização/agregação de valor a produção.

“No entanto, para fortalecer esse protagonismo, são necessárias medidas, como acesso igualitário a créditos agrícolas e assistência técnica, políticas públicas sensíveis ao gênero que reconheçam e apoiem as necessidades das mulheres na agricultura, além de programas de capacitação adaptados às suas necessidades específicas”, 

diz.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Acre registrou 84 casos de conflitos de terra em 2023 

Ao menos 8.656 famílias foram afetadas por conflitos agrários no Acre. Dados foram divulgados pela Comissão Pastoral da Terra.

Leia também

Publicidade