A Educação em III Atos Filosóficos; ATO III: Husserl

Destaco nesta coluna a contribuição do filósofo moderno Husserl.

Que bom ter você novamente conosco, em nossa coluna que visa trazer a importância da Educação para as nossas vidas. Para que possamos olhar o futuro da educação, precisamos entender melhor que pensamentos nos trouxeram até aqui. Nesse sentido, destaco nesta coluna a contribuição do filósofo moderno Husserl.

Considerado a corrente filosófica mais importante do século XX, que influenciou o Direito, psicologia e outras áreas, a fenomenologia. Edmundo Husserl além de filósofo era matemático. Ele desenvolve uma linha de pensamento que passava por uma grande crive: a ciência x a filosofia. A ciência tratava sobre todas as áreas do desenvolvimento humano. Nesse sentido, Husserl faz uma crítica forte ao psicologismo, que parte e depende da observação dos fatos para relacionar causa e efeito. Conhecimento empírico é conhecimento contingente, como diz Kant, e com base nessa linha, Husserl defende que é hora de criar uma ciência rigorosa com base em evidência indubitáveis. Assim surge o método fenomenológico. Iniciado pela Epoché (suspensão de juízo), ou resíduo fenomenológico, como diz Husserl, parte-se de um olhar exclusivo para a situação em si. Nesse sentido, aposta-se na certeza da consciência, diferente da consciência de Descartes, em que a dúvida era colocada para buscar resposta. Para Husserl, a consciência é de algo. A consciência é sempre tendenciosa e intencional. Tratar a fenomenologia como método é uma forma de trazer para o tema uma aplicabilidade possível. Para que isso ocorra, Husserl parte do princípio de que os dados precisam ser indubitáveis e diz: “Sem evidências não há ciência”.  

Foto: Reprodução internet

O método dá certo quando o espectador se usa do personagem de observador desinteressado e parte para uma análise a partir do fenômeno em si, desconsiderando o juízo de valor previamente estabelecido. Husserl, ou melhor, o último Husserl, se entrega para validar fenomenologia como consciência. Para Bretano, precisamente, a intencionalidade é o que tipifica os fenômenos psíquicos, que se distinguem em representação, juízo e sentimento.

No tocante às chamadas Essências, Husserl afirma que, ao ver uma situação, nossa consciência nos leva à essência dela. Por exemplo, quando vemos uma cor, chega-nos a essência da cor. Por isso, a fenomenologia é conhecida como a Ciência das Essências. A Fenomenologia trata ainda sobre as ontologias regionais, tratando da moralidade e religiosidade.

Olhar a Fenomenologia enquanto metodologia de pesquisa para à Educação é uma forma de entender que a educação foi fortemente impactado pela análise da coisa em si, retirada o juízo prévio de valor. A análise etimológica da palavra Fenomenologia traz o resultado de que é a junção da palavra fenômeno e logos.

Fenômeno demonstra que é o que se mostra na situação e logos demonstra a análise da consciência e da linguagem atrelado a ele, tanto no que se tem como estrutura, como o que se tem com a possibilidade do que é comunicado. (BICUDO e PAULO, 2011, p. 29-30).

Nesse sentido, Fenomenologia pode ser avaliada como o mundo é percebido e como o visto é compreendido. No sentido científico, da pesquisa, a Fenomenologia leva a uma análise metodológica, ou seja, como seguir uma linha, uma regra, um formato, para se desvendar o que está sendo observado. É no século XX que a Fenomenologia se torna parte integrante da Ciência, enquanto metodologia de pesquisa, após as das investigações de Franz Brentano sobre a forma como a consciência humana gera intencionalidade.

A fenomenologia está totalmente oposta ao Empirismo, em que a ‘experiência’ sensorial é fundamental para se chegar ao resultado esperado. Ou seja, para o empirista, os cinco sentidos sensoriais são fundamentais para investigar algo, independente do sentido próprio que o objetivo já possui.

A Fenomenologia vem como uma alternativa para se trazer uma investigação sobre o ser em sua totalidade, pois as ciências exatas, até o momento, enquanto métodos, não conseguiam traduzir a totalidade do homem.

Quando se traz para o contexto educacional, observa-se a enorme relevância do tema para o que hoje se tem em sala de aula. A análise aprofundada do que ocorre é inclusive, para muitas metodologias educacional, como a socioconstrutivista, o principal elo entre o ser e a aprendizagem. Deve-se considerar ainda, que o próprio empirismo se faz presente no contexto escolar, em especial para as escolas que se distanciam de um padrão mais tradicional.

Para Husserl, o objetivo de voltar-se à própria coisa, é o que caracteriza o método da fenomenologia nas Ciências Humanas, com o objetivo de no sentido de se esquecer o juízo de valor sobre a coisa e de se observar ela por si só, ou seja, na experiência que ela mesmo traz a quem a observa.

Apear de Husserl não falar em seus textos especificamente da Educação, a Fenomenologia enquanto contribuição didática e pedagógica contribuiu muito para o que as escolas realizam atualmente. Seu conteúdo fortalecem o conceito que geram maiores possibilidades para se fazer Educação, especialmente no que tange a um formato de condução das aulas e das relações estabelecidas entre os docentes e seus discentes. Nesse sentido, assume-se a enorme relevância que tem o sentir no contexto da aprendizagem. A análise aprofundada por meio do que se vê, dos campos sensoriais e de uma análise mais aprofundada do objetivo, permite uma autonomia e expansão de pensamento sobre a coisa e, ao mesmo tempo, sobre o próprio ser.

Deixar o juízo de valor de lado e deleitar-se à experiência é uma das formas mais incríveis de se gerar a educação pedagógica, e mesmo andragógica, levando o indivíduo a processos intensos e profundos de aprendizagem. Não obstante a isso, a metodologia da gameficação passa, no século XXI a ter uma expressividade gigantesca no mundo corporativo, tamanha a importância dada ao experimento e a possibilidade de levar o ser a pensamentos distantes do que aparentemente são os mais óbvios.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Acre registrou 84 casos de conflitos de terra em 2023 

Ao menos 8.656 famílias foram afetadas por conflitos agrários no Acre. Dados foram divulgados pela Comissão Pastoral da Terra.

Leia também

Publicidade